segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
O SAMBA DO CAMARGO
domingo, 20 de dezembro de 2009
CARNAVAL DE RUA - VELHA E NOVA IGARATÁ
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
CANOA ALTA
Tema: Relembrar o passado e falar do presente
Letra e Música - Varlei Antonio Péres
Chegou a hora
nossa escola vai sair
Canoa Alta (bis)
pelas ruas vai surgir.
Canoa Alta
muito alegre navegando
e pelas ruas
o povo todo desfilando.
O passado saudoso
vai ficando bem distante
as palmeiras em leque
continuam verdejantes.
Hoje tudo é alegria
samba suor e fantasia
vamos todos desfilar
das tristezas esquecer
pois o leite derramado
não adianta chorar.
Chegou a hora... (bis)
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
PIQUIRÁ
PESCARIA NO PIQUIRÁ
ORIGEM DO MUNICÍPIO DE IGARATÁ
A LENDA DO POÇO DO OURO
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
SERENATAS AO LUAR
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Lembranças 10
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
LEMBRANÇAS 9
O tempo passa e finalmente chega o dia da eleição!
A “Vila”, lugarejo pacato, aonde poucas pessoas transitavam, já que a população rural só aparecia nos fins de semana para adquirir as provisões necessárias, aos poucos foi se modificando. Ao amanhecer, funcionários da Prefeitura, atendendo notificação da Justiça Eleitoral, fazem a demarcação à cal do local de votação. A partir daquela risca, nenhum eleitor poderia ser abordado. Fato muito difícil de ser controlado, pois ambos os lados procuravam de dar um jeitinho para entregar as cédulas ao eleitor. Foi designado o Grupo Escolar onde foram instaladas as 1ª, 2ª e 3ª Seções Eleitorais. Presidentes e Mesários assumem seus postos nas respectivas seções a que foram designados. Precisamente às 8,00 hs. Inicia-se o processo de votação. Delegados e Fiscais de partidos, todos a postos.
Caminhões vindos da zona rural começavam a chegar “despejando” eleitores para cumprirem o dever cívico. Das cidades vizinhas, Santa Isabel e Jacareí, ônibus chegavam totalmente lotados. Nesse dia havia até carros extras.
Para quem estava acostumado com a monotonia da “Vila”, ficava estonteado com tanta gente transitando pelas poucas ruas existentes. Parecia um formigueiro quando está saindo içá. Cabos eleitorais não perdiam tempo. Bate papos, tapinhas nas costas, promessas, distribuição de santinhos, enfim o importante era convencer o eleitor a votar no seu candidato. Dentro do recinto demarcado, era proibida a abordagem aos eleitores. Nem todos respeitavam. De repente, discussões, atritos, e ameaças de representação ao Juiz Eleitoral. No final tudo terminava em samba, todos tinham o rabo preso. Ninguém tinha coragem de fazer qualquer representação, pois sabiam que também sobraria para eles. Enfim, todos puxavam a sardinha para o seu lado.
As horas iam passando, a cidadezinha aos poucos ia se esvaziando e ao anoitecer, tudo voltava ao normal. Apenas alguns grupos se reuniam nas esquinas onde cantavam a vitória. A venda de bebidas alcoólicas eram totalmente proibidas, mas pouco adiantava, pois todos já tinham feito a sua previsão, e na surdina, principalmente nas cozinhas dos bares, eram servidas.
A Apuração dos votos era realizada na Comarca no dia seguinte.
Como era de costume, os candidatos à Prefeito, no dia da apuração ficavam escondidos em lugares distantes da “Vila” aguardando o resultado. Se a notícia que chegasse fosse a derrota, o normal era tirar umas “férias” e desaparecer por um bom tempo de circulação. Sabiam que a comemoração da vitória organizada pelos correligionários do candidato vitorioso, era tão grande e barulhenta, tanto quanto as provocações.
Alfredo optou para ficar escondido há uns dois quilômetros da cidade, se não me engano no sítio do Zé Vicente. Mário que residia em Santa Isabel, por lá mesmo ficou.
Amanhece o dia! Dois ou três carros transportando eleitores e fiscais de partido, dirigiram à Comarca de Santa Isabel para assistirem e fiscalizarem a apuração dos votos. O clima era tenso! Pairava no ar uma sensação de dúvida que criava um certo mal estar nos que ficaram aguardando o resultado. Grupinhos foram se reunindo, conversando e analisando os fatos ocorridos no dia anterior. Assim pensavam: se o nosso candidato perder, o que se iria fazer? Ao mesmo tempo diziam; deixa prá lá, esta eleição já está no “papo”!
De repente a monotonia da “Vila” era quebrada!
Há uns quinhentos metros, perto da Rua da Palha, foguetes começavam a espocar. O resultado da apuração estava chegando. Qual seria o candidato vitorioso?
Mesmo sendo um local calmo, tranqüilo até demais, a pequena caravana que retornava de Santa Isabel, fazia um alarde tão grande, que mesmo pela pouca distancia, não se conseguia escutar qual era o candidato vitorioso.
Somente na entrada da “Vila” deu para entender o que gritavam. Alfredo, Alfredo, Alfredo! Viva! Ganhamos a eleição!
Alegria para uns, tristeza para outros. Inclusive para mim que era correligionário do Mário Dentista.
Alfredo, apelidado de “Morcego”, havia vencido a eleição com uma margem de 55 votos. A caravana não parou, continuou seu destino até o sítio do Zé Vicente onde estava escondido o Alfredo. Isso deu tempo para os políticos derrotados saíssem de circulação.
É fácil entender o porque dessa atitude. Se antes das eleições os insultos eram enormes, pensaram num confronto entre vitoriosos e derrotados em uma rua de mais ou menos 100 metros de extensão?
Mário como residia em Santa Isabel, por lá mesmo ficou amargando a derrota. Seus correligionários não se conformavam. Com tudo que havia acontecido, com a imprudência do “Morcego” desfilando pelas ruas estreitas da cidade com a “plaina” em dia de festa, causando uma grande tragédia, não era possível ter perdido a eleição, principalmente com Mário, natural de Igaratá para um estrangeiro! Alguma coisa deveria ter acontecido: só poderia ser erro na contagem dos votos!
Espernearam, gritaram, tentaram de tudo. Nada adiantou. A Justiça Eleitoral confirmou o resultado da apuração. Como dito anteriormente, a maioria dos eleitores se concentrava na zona rural. A “Vila” em pouco tempo foi se esvaziando, voltando a sua monotonia. A agitação de estar abordando os eleitores, já não havia mais razão. Tapinhas nas costas, promessas, já eram coisas do passado. Moacir, contente com a vitória, pois havia conseguido eleger seu sucessor, ainda no comando do Executivo, já que seu mandato expiraria no último dia do ano de 1958, começou a preparar os trâmites legais para a transferência do cargo.
Alfredo, com ar de superioridade, começava a programar o que pretendia realizar no seu quadriênio de mandato. Seus correligionários, cabos eleitorais, por outro lado, programavam como seria a festa da posse do novo prefeito. Logo após serem diplomados na Comarca de Santa Isabel, em ato solene na Câmara Municipal de Igaratá, dão posse ao novo prefeito e Vice, que conforme promessas, iriam dar continuidade aos trabalhos iniciados por Moacir, que no momento se despedia desejando muitas felicidades ao seu sucessor. Logo em seguida, sob aplausos da multidão e espocar de rojões, todos se dirigiram ao local programado para as comemorações.
De cima da carroçaria de um caminhão estacionado perto da Delegacia de Polícia, eram distribuídos fartos espetos de churrasco para a multidão que ali se aglomerava. Sem exagero algum, cada espeto tinha uma média de meio quilo de carne. Em frente, numa grande vala aberta com mais de vinte metros de comprimento, os espetos de carne deveriam ser assados. A fartura era grande! Deviam ter abatido uns cinco bois. Era carne para ninguém botar defeito. Como comparação, o único açougue que na época, se não me falha a memória, era de propriedade do Dito Barbosa, só funcionava uma vez por semana abatendo apenas um boi na sexta-feira para ser vendido no sábado.
Nem todos tinham condições de comprar carne. A maioria da população mesmo numa época em que praticamente não existia inflação, dava duro para ganhar o seu sustento. Roupas boas, calçados e carne de vaca eram artigo de luxo. O negócio então era aproveitar a oportunidade, principalmente quando havia distribuição gratuita de carne. Os mais carentes e humildes, sorrateiramente pegavam os espetos, davam uma esquentada no braseiro, saiam de mansinho como fossem comer num cantinho qualquer. Lá, um de seus filhos, enquanto os outros também se viravam, aguardava ansioso com um saco de estopa, dentro do qual seriam guardados os espetos. Dessa forma, conseguiam mistura de luxo de ótima qualidade, que depois de secá-las, durariam pelo menos uns quinze dias. Esses pelo menos tinham o que festejar mesmo que fosse por pouco tempo. Aos outros restavam as dúvidas e as esperanças.
Na certa os perdedores haveriam de sofrer nas mãos do Alfredo, ex-combatente da FEB –Força Expedicionária Brasileira na segunda grande guerra mundial. Sabemos lá o que tinha passado na Itália, já que afirmava ter combatido na conquista do Monte Castelo. Alfredo era muito temperamental. Quem sabe, talvez algum trauma de guerra.. Quem não gozava da sua simpatia era tratado como inimigo ferrenho. Três foram as obras realizadas na sua gestão: A construção do Grupo Escolar, o Prédio da Delegacia de Polícia e a canalização de água potável na “Vila”.
A caixa que armazenava a água não ficou submersa na Represa do Jaguari. Foi adaptada e transformada numa bela residência pelo atual proprietário.
Alfredo Manoel Francisco foi o segundo prefeito após a Emancipação Política Administrativa do Município. Sua gestão foi de 1959 à 1962.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Lembranças 8
Remédios na época eram escassos. Existiam somente vacinas e analgésicos. O médico atendia somente uma vez por semana, aos sábados. Mas mesmo pela pequena quantidade de remédios, pois o Município tinha uma arrecadação de recursos financeiros irrisória, todos eram por ele distribuídos. Isso lhe dava um contato permanente com a população, mesmo sendo considerado um “estrangeiro”, pois era natural de Jacareí, onde sua família residia.
Alfredo era esperto. Tinha pouca instrução, talvez o 4.º ano do Grupo Escolar. Era muito arrogante,mas de certa forma bem eloqüente.Lançado candidato, criou um mal estar entre os companheiros de Moacir, que inclusive tinham lutado bravamente pela emancipação do município. Nage, Machado, João Caipira, Don e outros mais, não gostando e nem apoiando essa indicação, pois nem si quer foram consultados, se desligaram do partido, rompendo inclusive a amizade. Até aquela data era um grupo homogêneo.
No PSP nada havia mudado. Continuava sob o comando do Nhô Nito Vaz, ademarista roxo. É lançada então a candidatura de Mário Rozendo da Silva mais conhecido como Mário Dentista.
Filho de Igaratá, apesar de residir em Santa Isabel, gozava também de bom conceito junto a população.Era protético e atendia a população de Igaratá aos sábados. Além da confecção de próteses dentárias, executava alguns serviços como, extrações e obturações de pequeno porte.
Lembro-me bem. Obturar um dente naquela época era um flagelo. Não pela capacidade profissional, mas sim pelas condições precárias. Lembrem-se bem. Energia Elétrica só das 19 às 21 horas. O aparelho utilizado na época se constituía de um tripé. Na parte de baixo tinha uma roda, no mesmo sistema das máquinas de costuras, acionada através de um pedal. Essa roda acionava uma correia que por sua vez fazia girar uma cabo de aço flexível onde na sua extremidade se encontrava o maior instrumento de tortura da época. A famigerada “BROCA”. Esta é que ia perfurar e limpar o dente a ser obturado. Me dá até calafrios em lembrar, pois passei por essa “tortura” como tantos outros. De toda a forma valia a pena passar por esse sacrifício, pois os serviços de próteses, principalmente as dentaduras eram a sua especialidade.
Aí está mais ou menos definido o perfil dos dois candidatos.
Os antigos companheiros de Moacir passaram a prestigiar e apoiar a candidatura do Mário Dentista. O tempo começava a esquentar e as panelas a ferver!
A Justiça Eleitoral autoriza a instalação de dois serviços de alto-falantes.
O PSD que apóia a candidatura do Alfredo, instala no armazém do Zé Madeu.
O PSP que apóia o Mário Dentista, instala num casarão que se encontrava desocupado na entrada da “Vila”, onde posteriormente funcionaria o bar do Massami Oka e posteriormente do João do Bar. Como a energia elétrica boa so funcionava das l9 às 21 horas, foi estabelecido o ,seguinte: Uma semana o serviço de alto-falante do PSD funcionaria das 19 às 20 horas e o do PSP das 20 às 21 horas, alternando-se os horários na semana seguinte.
Lamentavelmente, o que se transmitia era pura baixaria. Ambos os lados se esqueciam o fator político, o que poderiam fazer em benefício da população. Só se preocupavam em ferir, denegrir e desgraçar o moral do adversário e dos seus correligionários.
Hoje muita pouca coisa mudou. Os insultos ainda persistem mesmo com as penalidades impostas pela Justiça Eleitoral.
Pois é meus amigos! Política é uma ciência! Para ser político dos bons é necessário entender muito bem da arte. Frases como já ganhei; essa já está no papo, são muito prejudiciais e catastróficas.
Alfredo, talvez com conhecimento mais profundo sobre o assunto, resolve transferir sua residência para Igaratá, com toda família. Isso lhe dava todo o tempo necessário para estar junto da população, freqüentando bares, festinhas na roça e aí, promessas e mais promessas. Constantemente freqüentava o Cartório Eleitoral, onde eram feitas as transferências , emissão de títulos, possíveis embargos, etc.
Mário já pensava diferente. Acreditava que como filho da terra e com o prestígio que gozava como dentista, não havia mais nada há fazer. A eleição estava ganha!
Enquanto isso, Alfredo não parava.
De tanta insistência de seus cabos eleitorais e dos candidatos à vereança pela sua chapa, Mário resolve fazer um grande comício. Aproveitou que a data coincidia com uma festa religiosa, se não me falha a memória, em louvor a São Benedito.
No pátio da igreja havia grande aglomeração. O palco já estava montado. Espiões do candidato adversário, tentavam assistir o comício escondidos atrás e ao lado da igreja, pois assistir junto a população era vergonhoso, podendo ocorrer desafetos entre as partes, chegando as vias de fato. As ruas estavam praticamente lotadas, pois a população da zona rural, na época era maioria absoluta, compareceu em peso.
No palanque, candidatos discursavam, um após outro, sem interrupção. Fogos de artifício espocavam no ar. De repente, chega uma notícia estarrecedora!
A patrol do DER – Departamento de Estradas de Rodagem, cedida pelo governo do Estado para prestar serviços nas estradas municipais, havia atropelado e matado uma criança de mais ou menos 7 anos de idade. Ao lado do patroleiro, encontrava-se o candidato Alfredo, que voltava dos bairros da zona rural. Eram aproximadamente 17 horas. Alfredo tinha aproveitado para fazer campanha nos bairros. Era importante sair com a máquina, principalmente para melhorar o leito das estradas.
O que era festa e comício, terminou em tragédia e balburdia.
Começa então o disque disque, empurrões e xingamentos. De um lado, correligionários defendiam o Alfredo. Do outro, instigavam a população para pegar o Alfredo, culpando-o pelo acidente. Onde já se viu? Uma máquina daquele tamanho passar na rua em dia de festa com tanta gente? Isso é provocação! Chegaram a dizer que o Alfredo era quem estava dirigindo. Alfredo teve que se esconder na casa do Sr. Jose Alves de Almeida, que era vereador e morava bem em frente ao local do acidente, só podendo sair às altas horas da noite, quando já não existia praticamente ninguém na rua. Sem iluminação, depois das 21 horas, o negócio era todo mundo se recolher.
Após essa tragédia, a bandeira do “já ganhou” foi içada às alturas pelos cabos eleitorais do Mário Dentista. Acreditavam que Alfredo tinha sido derrotado mesmo antes da eleição. (continua na Lembranças 9).
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
LEMBRANÇAS 7
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Lembranças 6
Após a posse do Prefeito Moacir Prianti Chaves, nesse dia não se pensava em nada. Igaratá estava livre para poder dirigir o seu próprio destino. Dia de grande festa!É, meus amigos. Mas todos sabem. Depois de uma grande festa, vem também uma grande ressaca.Dia 2 de janeiro de 1955. É hora de pegar no batente. O Legislativo havia se instalado na primeira sala à direita de quem entrava no casarão. À esquerda, o Executivo instalou a Tesouraria, o Setor de Tributação e a Junta Militar. Nos fundos instalou o Gabinete do Prefeito a Secretaria e o ,Setor de Contabilidade.A Lei 2.456 que emancipou o município, nas formas do § 1º do artigo 11, autorizava o Município de origem (Santa Isabel), a cobrar do novo Município ora criado, a importância de 10% do total da receita arrecadada, tendo sido estimado o valor de CR$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros). Através do ofício nº 6 de 1º de fevereiro de 1955 , o Prefeito solicita autorização da Câmara Municipal para obter um empréstimo de CR$ 60.000,00 (sessenta mil cruzeiros) junto ao Banco Econômico da Bahia S/A para pagar o valor determinado na Lei 2.456, e sobrar um pouco para comprar móveis e materiais de consumo para manutenção do Executivo e do Legislativo.Não é nada fácil assumir uma Prefeitura com “caixa” zero e com contas a pagar!Somente em setembro é que Moacir pode respirar. Através do ofício nº 61 de 20 de setembro de 1955, o Prefeito comunica a Câmara o recebimento de CR$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros) do Governo Federal para ajudar na instalação da Prefeitura e da Câmara Municipal. Que situação difícil a do primeiro prefeito! Somente após nove meses da criação do Município de Igaratá é que veio a ajuda do Governo Federal!Vamos passar para outros fatos também muito interessantes.Nas pesquisas realizadas, pouco pode se apurar pela falta de documentação. Acredito que tenha se perdido ou extraviada quando da mudança da velha para a nova cidade. Alguma coisa ainda restou. Localizei a Lei nº 11 de 5 de março de 1955 que proibia construção de porteiras nas estradas municipais, podendo em caso excepcional, em requerimento deferido pelo Prefeito, com a construção de um mata-burro ao lado. A Lei nº 20 que proibia a criação e retenção de animais dentro do perímetro urbano. Lei muito difícil de ser cumprida à risca. Um caso muito peculiar, digno de se relatar, inédito no Município de Igaratá, pois jamais vi acontecer novamente, foi em abril de 1955. Através do ofício nº 27 de 26 de abril de 1955, é comunicado à Câmara Municipal a transferência do cargo ao Vice-Prefeito, por motivo de saúde. O ofício nº 29 de 2 de maio, comunica ao Presidente da Câmara a devolução do cargo ao titular.Outro caso interessante: para assumir o cargo de tesoureiro ou secretário, era necessário a apresentação de uma carta de fiança. A Lei nº 22 de 21 de maio de 1955, arbitrara os valores de CR$ 15.000,00 (quinze mil cruzeiros) para cada função a ocupar. Poderia ser em dinheiro ou depósito vinculado em caderneta de poupança. Neste caso, o Sr. Francisco Lourenço e a Dª Pedrina Ramos Lourenço, apresentaram ao Prefeito, como garantia, missiva datada de 31 de agosto de 1955, já devidamente aprovada pela Câmara Municipal, dando em garantia um imóvel que possuíam na Rua Capitão Florêncio no valor de CR$ 30.000,00 (trinta mil cruzeiros), para poderem ocupar os cargos já mencionados.O tempo passa e o mundo gira. Moacir sempre pensando em melhorar a condição de vida dos moradores da ainda carinhosamente chamada “Vila”, consegue aprovar projeto, transformado na Lei nº 9 de 6 de abril de 1956, autorizando a desapropriação da Usina de Força e Luz de propriedade do Sr. João Wilke.
Lembranças 5
Quando as forças se unem, quando se luta por um ideal digno de se alcançar, nada é impossível. Após um ano de luta, enfim a vitória chegou.
Finalmente, no dia 30 de dezembro de 1953, foi promulgada e sancionada a Lei nº 2.456 que devolvia ao Distrito a categoria de Município, tanto almejada pela população igarataense.
Inicia-se o ano de 1.954. Ano da mobilização geral dos políticos da Velha Igaratá. Começava a formação dos partidos políticos.
De um lado, surge o PSP- Partido Social Progressista liderado por Benedito Rodrigues de Freitas, mais conhecido pela alcunha de Nhô Nito Vaz. Do outro lado, vem o PSD -Partido Social Democrático liderado por Moacir Prianti Chaves, que se coliga com a UDN - União Democrática Nacional para tentar eleger o primeiro prefeito após vinte anos sob o domínio do Município de Santa Isabel, na categoria de Distrito.
O PSP lança para Prefeito o Sr. Benedito Rodrigues de Freitas e para vice o Sr. José Mendes de Souza, mais conhecido como Zé Vicente. A coligação PSD/UDN lança para Prefeito Moacir Prianti Chaves e para vice o Major Benigno de Alcântara. A eleição correu na maior tranqüilidade jamais vista. Não havia ainda se instalado entre os concorrentes o vírus do poder. A ânsia de derrotar o adversário a qualquer custo! Nessa disputa praticamente amigável, sagra-se vencedora a dupla lançada pela coligação PSD/UDN, ficando dessa forma assim constituídos os dois poderes que iriam a partir de 1.955, dirigir o destino do novo município: Para o Poder Executivo, Prefeito Moacir Prianti Chaves; vice, Benigno de Alcântara. Para o Poder Legislativo os vereadores, Antonio de Souza Machado, José Alves de Almeida, João Hildebrando Wilke, José Augusto Barbosa, João de Souza Ramos, Silvério Peres Filho, Francisco Barbosa, Dr. Nelson Antonio Nistal e Antonio Rodrigues Barbosa..
E agora, meus senhores e minhas senhoras? Aonde seriam instalados os dois Poderes?
Na esquina da Rua Capitão Florêncio com a Rua da Liberdade, existia um casarão construído de taipa, sendo que as paredes chegavam a ter cinqüenta centímetros de espessura que já havia servido como cadeia pública, encontrando-se totalmente abandonado. Para ser utilizado novamente, necessitava de uma grande reforma, principalmente no telhado, pois havia mais goteiras do que as próprias telhas. Naquela época, as telhas utilizadas tinham o formato de casca de tatú.
Moacir não pestanejou: Com recursos próprios, resolve restaurar o velho casarão, para a instalação dos dois poderes. Quanto ao Poder Judiciário, este continuava no Município de Santa Isabel que era e continua sendo a Comarca.
É chegado o dia! 1° de janeiro de 1.955. Dia de grande festa!
Sob aplausos da multidão que se aglomerava por todos os cantos possíveis sob um calor intenso, o Meretíssimo Juiz Eleitoral da Comarca de Santa Isabel, dá posse aos cidadãos eleitos para comporem a Câmara Municipal de Igaratá, que após esse ato assim ficou constituída a Mesa eleita para dirigir os trabalhos: Presidente, Antonio de Souza Machado; Vice, José Alves de Almeida; 1° Secretário, João Hildebrando Wilke; 2º Secretário, José Augusto Barbosa. Em seguida, compareceram à Câmara Municipal os senhores Moacir Prianti Chaves e Benigno de Alcântara, que sob grandes aplausos e ribombar de rojões, tomaram posse na qualidade de Prefeito e Vice.
Lembranças 4
Lembranças 3
Lembranças 2
Como dito na edição anterior, meu tio conseguiu finalmente comprar a chacrinha. Aí então tínhamos aonde pernoitar, não mais sendo preciso retornar a capital no mesmo dia.Nos fundos da chacrinha passava o Ribeirão das Palmeiras que era a divisa natural de um sítio de 14 alqueires de propriedade do Sr. Harry Hart, de nacionalidade inglesa, residente e domiciliado na capital. Esse sítio só tinha uma entrada que era pelo Bairro do Rio do Peixe, bem longe da “Vila” e de difícil acesso. Meu pai e meu tio souberam que estava a venda. Como o Sr. Harri morava na capital, com ele a compra do sítio foi mais fácil. Coube para cada um a importância de R$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) moeda corrente da época. Cada um então, ficou com 7 alqueires. Meu tio ficou com a parte que margeava o Ribeirão das Palmeiras que, após a construção de uma ponte, fundiu-se com a chacrinha.Nessa época, Igaratá era Distrito de Santa Isabel. Essa situação não agradava nem um pouco os moradores da “Velha Igaratá, que distava 24 quilômetros da sede do Município de Santa Isabel que também era sede de Comarca, e ficava em total abandono. De certa forma, talvez não houvesse interesse algum que o distrito prosperasse, podendo um dia se desmembrar, tornando-se independente. Evidentemente, a receita a receita do Município que já não era muita coisa, diminuiria muito mais.A Vila de Igaratá, incluindo a Rua da Palha, considerada um pequeno povoado que distava uns quinhentos metros , no total não tinha mais que 122 casas, incluindo-se as casas comerciais, já que na própria residência, na parte da frente se localizava o bar ou armazém, exceção o armazém do Nho Nito Vaz, que falaremos oportunamente. A zona rural tinha aproximadamente o dobro das casas da zona urbana que, na época das chuvas ficavam praticamente isoladas, já que as estradas ficavam quase que totalmente intransitáveis. Não havia conservação alguma. Só era possível locomoção a cavalo, carroça, charrete ou então de carona no caminhão que transportava o leite, pois este usava as famosas “correntes” nos pneus traseiros. Até a estrada estadual que ligava Igaratá à Santa Isabel, no Bairro do Barro Branco, onde hoje se localiza a ponte sobre a Represa do Jaguari na Rodovia D. Pedro I, era impossível a travessia de qualquer veículo motorizado, com exceção de Jipes ou tratores.Era obrigatória a “baldeação”. Um ônibus ia de Igaratá, outro vinha de Santa Isabel. Demoravam-se uns trinta minutos para superar o morro do Barro Branco. Não era nada fácil! Até o pequeno comercio da Vila se sentia prejudicado. Casas comerciais eram poucas. Brasiliano fabricava gaiolas de taquara do Reino e pão de ló. Seu filho Ernesto, era especialista em fabricar forro de taquara póca para casas, esteiras e jacás para transporte de materiais e alimentos no lombo de burros. Tudo era feito artesanalmente. Até as taquaras tinham a época certa para cortar. Somente na lua minguante e nos meses que não tem a letra “R”; maio, junho, julho e agosto. Praticamente no inverno. Se cortasse em outra época ou lua, com certeza os artesanatos iriam carunchar. Brasiliano e Ernesto já não vivem mais entre nós. Ernesto, muitos ainda o conheceram. Nos últimos anos de sua vida morou lá nas bandas da Prainha. Muito brincalhão, tinha uma risada marcante. Além d muito estridente, se tivesse instrumento para medir, ultrapassaria cem decibéis com duração de mais de quinze segundos. Havia certa frase e o Ernesto sempre que tinha oportunidade, não deixava de narrar:Antes que o mato cresça, quero ver o que a cobra come! Ainda há de chegar o tempo da mulher pagar para o homem!