segunda-feira, 21 de setembro de 2009

LEMBRANÇAS 7

O valor aprovado pela Câmara Municipal era de CR$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil cruzeiros) que deveriam ser pagos no prazo de trinta dias. A declaração de venda da usina, data de 26 de dezembro de 1956 e o único valor de CR$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) foi efetuado em maio de 1957. (dados colhidos nos arquivos da Câmara Municipal em 1996).Dessa forma, João Wilke se achava no direito de continuar recebendo dos consumidores, as contas de energia consumidas, já que a divida não havia sido liquidada, restando o valor de CR$ 150.000,00 ( cento e cinqüenta nil cruzeiros). A forma de se calcular o consumo de energia mensalmente, era a seguinte: O Sr. Izaltino Pereira que trabalhava na usina, visitava as residências para anotar quantas lâmpadas que existiam. Lâmpadas de 100 watts era um preço; de 60 watts outro. Chuveiro e ferro elétrico, nem pensar. A usina de pouca potencia não agüentava tanto consumo de energia. As roupas eram passadas com ferros à brasa, e os banhos, tomados em bacias, ou de caneca. Havia também outro sistema. Você aquecia a água no fogão à lenha, temperava a seu gosto com água fria, colocava em um balde, no qual se instalava um chuveiro com uma alavanca para abrir ou fechar a água. Uma roldana era afixada no caibro do telhado do banheiro, e através de uma corda levantava o balde até a altura desejada. O banho tinha que ser bem rápido, pois a água ia aos poucos esfriando.Voltemos ao pagamento do restante da dívida da desapropriação da usina.O não pagamento do restante do valor contratado criou um grande desentendimento. João Wilke, sentindo-se ofendido e lesado, resolveu encaminhar uma carta agressiva à Câmara Municipal, exigindo que se marcasse uma data para o pagamento do restante da dívida. O Prefeito Moacir, não gostando dessa atitude, resolve cortar o fornecimento de energia para as residências que se localizassem nas margens da Estrada do Rio do Peixe, justificando tal atitude, que o gerador da usina não tinha capacidade para tanto consumo. Não havendo transformador, a perda de energia prejudicava os moradores da “Vila”. Acontece que a energia de péssima qualidade fornecida, pois uma lâmpada de 100 watts de potência, mal conseguia iluminar 30 watts. (antigamente se denominava “velas”). Havia também o fornecimento de energia através de um gerador movido a óleo diesel, que funcionava no horário das 19 às 21 horas. Essa energia era de melhor qualidade, pena que era fornecida só por duas horas, já que o consumo de óleo diesel era bem oneroso. Esse gerador foi doado pelo Governo do Estado de São Paulo, conforme ofício nº 104/56 datado de 10 de outubro de 1956, encaminhado pelo Prefeito à Câmara Municipal, salientando a participação do Vereador Francisco Barbosa e do Deputado Estadual Leôncio Ferraz Junior.Voltemos ao assunto. A atitude do Prefeito, foi interpretada como uma retaliação, pois os prejudicados pelo corte da energia foram: o cidadão Jaime dos Santos, os vereadores Antonio de Souza Machado e João Hildebrando Wilke, filho do João Wilke, mais conhecido como Donzinho, o ultimo morador da Estrada do Rio do Peixe até aonde a energia era fornecida.Dia 20 de agosto de 1957. Dia de reunião da Câmara Municipal. Após a leitura da carta de protesto sobre o corte da energia e o não pagamento do restante da dívida, os ânimos foram se exaltando, chegando-se as vias de fatos. Donzinho extremamente nervoso, parte para cima do Prefeito a socos e pontapés. Aí, entra a turma do deixa disso. Aos poucos os ânimos vão se acalmando. Entram num acordo. É marcada nova data de pagamento da dívida e a energia é restaurada aos moradores dos sítios que margeavam a Estrada do Rio do Peixe. Tudo volta a normalidade.Um dos últimos atos do Prefeito Moacir Prianti Chaves, foi a aprovação de um Projeto de Lei que autorizava a liberação de uma verba no valor de CR$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros) para a compra de medicamentos preventivos contra a “Gripe Asiática” que se alastrava pela Capital de São Paulo. As pessoas de mais idade devem se lembrar. Essa foi uma das piores gripes surgidas na época, igualando-se apenas a gripe “Espanhola”. O medo tomava conta de todos. Até na pequena “Vila”, distante da Capital oitenta e quatro quilômetros e com pouca freqüência de paulistanos.Praticamente finda-se o mandato do primeiro prefeito eleito após a Emancipação Política Administrativa do Município de Igaratá ocorrida em 30 de dezembro de 1953!

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