Como dito na edição anterior, meu tio conseguiu finalmente comprar a chacrinha. Aí então tínhamos aonde pernoitar, não mais sendo preciso retornar a capital no mesmo dia.Nos fundos da chacrinha passava o Ribeirão das Palmeiras que era a divisa natural de um sítio de 14 alqueires de propriedade do Sr. Harry Hart, de nacionalidade inglesa, residente e domiciliado na capital. Esse sítio só tinha uma entrada que era pelo Bairro do Rio do Peixe, bem longe da “Vila” e de difícil acesso. Meu pai e meu tio souberam que estava a venda. Como o Sr. Harri morava na capital, com ele a compra do sítio foi mais fácil. Coube para cada um a importância de R$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) moeda corrente da época. Cada um então, ficou com 7 alqueires. Meu tio ficou com a parte que margeava o Ribeirão das Palmeiras que, após a construção de uma ponte, fundiu-se com a chacrinha.Nessa época, Igaratá era Distrito de Santa Isabel. Essa situação não agradava nem um pouco os moradores da “Velha Igaratá, que distava 24 quilômetros da sede do Município de Santa Isabel que também era sede de Comarca, e ficava em total abandono. De certa forma, talvez não houvesse interesse algum que o distrito prosperasse, podendo um dia se desmembrar, tornando-se independente. Evidentemente, a receita a receita do Município que já não era muita coisa, diminuiria muito mais.A Vila de Igaratá, incluindo a Rua da Palha, considerada um pequeno povoado que distava uns quinhentos metros , no total não tinha mais que 122 casas, incluindo-se as casas comerciais, já que na própria residência, na parte da frente se localizava o bar ou armazém, exceção o armazém do Nho Nito Vaz, que falaremos oportunamente. A zona rural tinha aproximadamente o dobro das casas da zona urbana que, na época das chuvas ficavam praticamente isoladas, já que as estradas ficavam quase que totalmente intransitáveis. Não havia conservação alguma. Só era possível locomoção a cavalo, carroça, charrete ou então de carona no caminhão que transportava o leite, pois este usava as famosas “correntes” nos pneus traseiros. Até a estrada estadual que ligava Igaratá à Santa Isabel, no Bairro do Barro Branco, onde hoje se localiza a ponte sobre a Represa do Jaguari na Rodovia D. Pedro I, era impossível a travessia de qualquer veículo motorizado, com exceção de Jipes ou tratores.Era obrigatória a “baldeação”. Um ônibus ia de Igaratá, outro vinha de Santa Isabel. Demoravam-se uns trinta minutos para superar o morro do Barro Branco. Não era nada fácil! Até o pequeno comercio da Vila se sentia prejudicado. Casas comerciais eram poucas. Brasiliano fabricava gaiolas de taquara do Reino e pão de ló. Seu filho Ernesto, era especialista em fabricar forro de taquara póca para casas, esteiras e jacás para transporte de materiais e alimentos no lombo de burros. Tudo era feito artesanalmente. Até as taquaras tinham a época certa para cortar. Somente na lua minguante e nos meses que não tem a letra “R”; maio, junho, julho e agosto. Praticamente no inverno. Se cortasse em outra época ou lua, com certeza os artesanatos iriam carunchar. Brasiliano e Ernesto já não vivem mais entre nós. Ernesto, muitos ainda o conheceram. Nos últimos anos de sua vida morou lá nas bandas da Prainha. Muito brincalhão, tinha uma risada marcante. Além d muito estridente, se tivesse instrumento para medir, ultrapassaria cem decibéis com duração de mais de quinze segundos. Havia certa frase e o Ernesto sempre que tinha oportunidade, não deixava de narrar:Antes que o mato cresça, quero ver o que a cobra come! Ainda há de chegar o tempo da mulher pagar para o homem!
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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SR VARLEI
ResponderExcluirALGUNS DESTES FATOS MINHA MÃE (TEREZINHA DE SOUZA MORAES) SEMPRE COMENTAVA. EU MESMA CONHECI O SR ERNESTO, INCLUSIVE TENHO UMA LEMBRANÇA FEITA POR ELE(UM BANQUINHO) QUE GUARDO ATÉ HOJE. ENY
SR VARLEI REALMENTE ESTES FATOS JA OUVI MINHA MÃE FALAR.E TIVE O PRAZER DE CONHECER E TER COMO UM GRANDE AMIGO O SENHOR ERNESTO,QUE MORRAVA PROXIMO A MINHA CASA NA PRAINHA,NA RUA DE CIMA PARA SER MAS PRECISO.DOCES LEMBRANÇAS TENHO DELE,E TBM UM CERTO RECEIO PIS ELE BRAVO TINHA O COSTUME DE ENTREGAR A PESSOA PARA O DIABO,RSRSRSRSRS MAS NO FUNDO DO FUNDO AMAVA A TODOS... ALEX MORADOR DA PRAINHA
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