Como surgiu esse nome?
O Rio do Peixe, a uns duzentos metros antes de desaguar no Rio Jaguari, tinha uma bela cachoeira com a altura aproximada de cinco metros.
Após a queda d’água, formava-se um grande lago que ia afunilando-se até voltar ao leito natural do rio, onde logo abaixo desaguava no Rio Jaguari, onde começava a formar a corredeira do Piquirá.
Esse grande lago foi batizado com o nome de “Poço do Ouro”.
Consta a lenda, que na época da exploração das jazidas de ouro localizadas nas Minas Gerais, alguns feitores estavam desgostosos com aquela quantidade de ouro que era extraída e levada aos portos para serem embarcadas e transportadas para as terras lusitanas.
Certa feita, contando com o apoio de alguns escravos, resolveram se apoderar de parte desse ouro, pois como feitores, não teriam chance alguma de enriquecerem. Passariam o resto da vida tomando conta dos escravos e das extrações do ouro.
As altas horas da noite, após arriarem alguns burros e colocarem nas cangalhas alguns pilões de ouro, começaram a odisséia.
Vários eram os caminhos que levavam aos portos. Um deles passava justamente pela aldeia, que na época chamava-se Capela de Nossa Senhora do Patrocínio, antiga sede do município.
Esse foi o caminho escolhido.
Ao amanhecer do dia, os feitores, aliados à Coroa Portuguesa, descobriram a trama, pela falta de vários burros, escravos, feitores e principalmente pelo sumiço de vários pilões de ouro. Esse era o nome dado, pois o ouro ao ser forjado, tomava a aparência de um pilão.
Arriaram os cavalos restantes e começou então a perseguição aos vilões que haviam se apoderado de tamanha riqueza.
A tropa que transportava o ouro roubado seguia mais lentamente, pois os burros carregados de tanto peso, precisavam sempre parar para se alimentarem e descansarem.
Quando estavam próximos desse grande lago, uma sentinela que estava no local mais alto, enquanto a caravana se alimentava e descansava, avistou ao longe a tropa que vinha em perseguição dos fugitivos, com a finalidade de recuperar o ouro roubado e punir com severidade os ladrões ambiciosos, talvez com a própria morte.
Os feitores e os escravos fugitivos, vendo que tudo estava perdido, pois não teriam como escapar, já que os animais, além de estarem carregados e também muito cansados, resolveram então se livrar do ouro roubado.
Não querendo que o ouro fosse recuperado, jogaram todos os pilões nesse grande lago e se embrenharam pela mata nativa existente na época, escapando da tropa que os perseguiam.
Muito tempo passou e ninguém praticamente se lembrava ou falava dessa bravura que teria ocorrido.
Mas como é comum, sempre existe as famosas rodinhas de bate-papo, e um dos escravos mais antigo, narrou a existência desse acontecido.
Um fazendeiro muito poderoso da época tendo tomado conhecimento desse fato, resolveu elucidar o caso e tentar resgatar essa preciosidade que se encontrava no fundo desse lago, conforme narrado pelo escravo.
Juntou algumas parelhas de bois, vários escravos e capitães do mato, muitas correntes e saíram a procura do famoso poço que tanto era falado.
Ao localizarem o lago, começou então a procura pelos famosos pilões de ouro.
Dias e mais dias foram se passando e nada de conseguirem resgatar um pilão si quer. Já estavam desanimados e, a provisão de alimentos já estava chegando ao fim. Não poderiam ficar se alimentando apenas de caças, como capivaras, pacas e tatus que na época eram abundantes.
O fazendeiro desesperado, já não sabendo mais o que fazer, ajoelhou-se e prometeu que, se ele conseguisse resgatar pelo menos um pilão de ouro, daria metade à Santa.
Outras tentativas foram feitas, até que a corrente enrosca em algo no fundo do poço. O que seria? Algum pedaço de pau? Alguma pedra? O pilão de ouro?
As parelhas de bois começaram a puxar a corrente que aos poucos vai saindo da água.
De repente, começa a surgir um pilão de ouro, que com a luz do sol, brilhava tanto, chegando a ofuscar a visão de todos que estava à margem do poço.
O fazendeiro, estonteado com tanta riqueza, ficando fora de si, começou a gritar: Por que dar metade à Santa? Santo não precisa de ouro! Esse ouro é todo meu!
A corrente que podia suportar até o peso de um carro de bois, tem um ele estourado e o pilão volta ao fundo do lago.
Com o estouro da corrente, o fazendeiro, os capitães do mato, os escravos e as parelhas de bois que estavam à beira do poço, foram atingidos em cheio e morreram na hora. Os que estavam mais longe conseguiram se salvar e fugiram desesperados.
Pois é caros leitores, a ambição e o egoísmo são o que mais castigam o ser humano.
Nunca mais ninguém tentou recuperar os lendários pilões de ouro.
Hoje repousam num lago muito maior do que o “Poço do Ouro”!
A majestosa Represa do Jaguari!
Olá, Varlei, parabéns pelo blog. Vi muitos comentários emocionados nas postagens. Não sei se você vai ler esta mensagem, mas meu pai é de Igaratá Velha e é o autor da moda de viola Pilão de Ouro, que foi publicada na revista sobre Igaratá. O nome dele é Oswaldo Ferreira de Almeida e tem o nome artístico de Rialcim. Ele mora hoje em São José dos Campos. Abraço.
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