quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
FUTEBOL - SOLTEIROS X CASADOS
Na “Velha Igaratá”, na ausência de jogos amistosos ou encerramento de campeonato regional, para não ficar sem fazer nada aos domingos, era comum programar “rachas”.
O mais comum dos rachas era solteiros versus casados. A disputa era pra valer!
Num desses rachas, Benoni defendia os solteiros e o João Camargo defendia os casados.
Deixe-me explicar quem eram essas duas personagens:
Benoni, vindo da capital de São Paulo, era farmacêutico e proprietário da única farmácia há muito tempo, antes mesmo da inauguração da nova cidade, mudou para Santa Isabel onde reside atualmente.
João Camargo, praticamente todos o conhecem. Na época era funcionário público municipal e exercia a função de Chefe da Junta de Alistamento Militar, no qual se aposentou, tendo também exercido o cargo de Vereador na gestão de 1997 à 2000.
Bem, depois da apresentação desses dois atletas, vamos ao jogo.
Já se passavam trinta minutos do segundo tempo. O jogo que até aquele momento corria tranqüilamente, começou a esquentar.
As faltas começaram a serem mais violentas. O placar não se alterava tudo continuava no zero a zero. Esse era o motivo dos nervos serem se exaltando, a cada minuto que passava.
A vitória sobre o oponente era ponto de honra! Quem é que iria arcar com as despesas da cervejada após o encerramento da peleja?
De repente, numa bola aérea, Benoni pula para cabecear. João Camargo que deve ter a mesma estatura do Benoni, um metro e meio mais ou menos, percebendo que não ia dar para vencer o lance, já que o Benoni estava mais para a bola, o que fez então ?
Como era mais habilidoso, considerado um serelepe, um macaco velho no campo, já que vinha de uma família tradicional na prática de futebol, tendo como exemplo o Zé Camargo, o Fuminho e por último o Zico, sobre o qual falarei no final, quando Benoni subiu para cabecear a bola, João Camargo não titubeou; aplicou uma rasteira no Benoni.
Mal sabia no que resultaria essa sua atitude. Se pudesse adivinhar, talvez não a cometesse.
Benoni, que não tinha pulado mais do que uns trinta centímetros, sendo para ele um grande feito, pela estatura que possui, foi o bastante.
Com a rasteira aplicada pelo João Camargo, Benoni rodopiou no ar e estatelou de cara no chão!
Resultado: quebra do nasal!
O nariz do amigo que já não é pequeno, calculem só como ficou depois de fraturado e inchado.
Benoni não se conformou e nem aceitou as desculpas do João Camargo. Por uns bons tempos ficaram sem conversar.
Já num outro “racha” de solteiros versus casados, vamos apenas mudar os personagens; Zico defendia os casados e eu os solteiros.
Zico já não tinha a mesma habilidade com a bola igual aos seus irmãos. Melhor falando, não tinha habilidade alguma. Para falar a verdade, era bem grosso tanto quanto eu.
Zico atuava de goleiro e eu de ponta direita. Naquele tempo ainda existia essa posição.
Ao entrar em campo eu falei:
- Zico, hoje eu vou marcar um gol em você !
De imediato retrucou :
- Se você marcar um gol, nunca mais eu jogo bola !
No momento me senti humilhado. Como podia um grosso de bola, um frangueiro me desacatar desse jeito? Será que eu era pior do que ele?
Termina o primeiro tempo. Placar: zero à zero.
Zico estava contente e dava aquela risadinha como quem queria dizer:
- Ta vendo papudo!
Eu, do outro lado, chateado, com o saco cheio, aguardava o inicio do segundo tempo.
Começa o segundo tempo. Bola daqui, bola dali. De repente acontece:
Termina o jogo. Placar, solteiros 1 casados 0.
Zico honrou a palavra. Nunca mais jogou bola.
Quem será que marcou o gol? Dá para adivinhar?
Morro Azul
Nos relatos anteriores, tentei fazer com que os leitores, através da imaginação, conseguissem visualizar as belezas da Velha Igaratá.
Fiz uma descrição do Poço do Ouro, do Piquirá, como também da própria cidade antiga que carinhosamente chamávamos de “Vila”.
Mas nem tudo está naufragado.
Além da majestosa Represa do Jaguari, temos um local ainda não explorado, que além da sua beleza natural, é um ótimo ponto turístico, que o nome mais apropriado seria “Mirante de Igaratá”.
Estou falando do Morro Azul!
A distancia entre a sede do município e o Morro Azul é de aproximadamente uns oito quilômetros.
Não temos oficialmente a sua altitude, mas já que a sede do município está há 773,00 metros acima do nível do mar, e o Morro Azul sendo bem mais alto, acreditamos que sua altitude deve estar em torno de 900,00 metros.
É um local que merece ser conhecido, principalmente ao entardecer.
De lá, você poderá a olho nu, enxergar nitidamente, além de grande parte da Represa do Jaguari, as cidades de São José dos Campos, Jacareí e Igaratá.
Isso não quer dizer que, mesmo durante o dia você não poderá apreciar este espetáculo, mas é que ao entardecer, as cidades, todas iluminadas, tornam o espetáculo bem mais emocionante.
Se houver lua cheia, ai então a vista que se tem principalmente da Represa do Jaguari, é deveras fascinante.
Não sei por que, talvez por falta de divulgação, o Morro Azul até hoje não foi explorado economicamente.
Acredito que grandes empreendedores poderiam se beneficiar com a instalação de uma plataforma de Asa Delta, Teleféricos, Restaurantes ou Lanchonetes, o que também seria de grande importância para a economia do município, sem falar na tão importante oferta de mão de obra.
Acredito que qualquer que fosse o investimento, é mais do que certo o retorno do investimento em médio prazo.
Pois é caros leitores, pena que muitas belezas naturais, incluindo a Velha Igaratá se não tivessem sido submersas, indiscutivelmente seriam tombadas como Patrimônio Cultural.
Mas o que fazer, se as necessidades do ser humano falam mais alto?
Por sorte, alguma coisa ainda nos resta e jamais as necessidades ou a ganância dos homens nos tomarão!
Só mesmo um novo “Dilúvio”, se é que de fato ocorreu, poderá submergir o Morro Azul.
Mas enquanto isso não se consumar, você, caro leitor amigo, ainda poderá desfrutar dessa beleza natural que se encontra bem pertinho da nossa cidade.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
TROCA DOS ANDORES
Vou relatar um caso, que as pessoas mais antigas e moradores da “Velha Igaratá”, dizem ter acontecido.
Como a tradição continua duas são as festas religiosas comemoradas anualmente. Uma em louvor à São Benedito, realizada entre os meses de maio e junho e a outra em louvor à Nossa Senhora do Patrocínio que ocorre normalmente no mês de novembro.
Contam, que na festa em louvor à São Benedito, o andor de Nossa Senhora saia na frente e o de São Benedito, saia no final da procissão. Quando a festa era em louvor à Nossa Senhora do Patrocínio, as posições se invertiam.
Certa ocasião, numa dessas festividades, não se sabe qual o motivo, inverteram a posição dos andores.
Quando a procissão já tinha saído da Igreja e percorrido um bom trecho alguém gritou! A posição dos andores está errada!
- Outro retrucou: a procissão já está a caminho! Não tem mais jeito. Seja lá o que Deus quiser!
A procissão seguia normalmente seu caminho. Os fiéis entoavam cânticos religiosos praticados na época. Tudo corria dentro da perfeita normalidade.
De repente, quando a procissão estava no meio do caminho, bem no centro da rua principal da “Velha Igaratá”, o céu começou a escurecer. Nuvens dos tipos, Nimbus e Cúmulos, iam se formando com extrema rapidez.
Começaram a cair os primeiros pingos d’água, que iam engrossando com a mesma rapidez da formação das nuvens.
Relâmpagos, trovões, vento forte que assobiava nos poucos fios da rede elétrica, parecia que o céu ia despencar. A noite em poucos minutos substituía o dia.
A procissão, que calmamente percorria as poucas ruas da velha cidade, se transformou numa tremenda confusão.
Era um tal de corre corre. Salvem-se quem puder!
Como a população era pequena e todo mundo praticamente se conhecia, haja casas para suportar a invasão do povo. Parecia um pandemônio.
O vendaval demorou pouco tempo. O suficiente para acabar com a festa. Mas o susto causado, ninguém esqueceu.
De uma coisa eu sei. Nunca mais inverteram a posição dos andores até o desaparecimento da “Velha Igaratá”, hoje submersa nas profundezas da Represa do Jaguari.
Crença? Superstição?
Eu como não sou São Tomé, continuo acreditando nesse acontecimento, já que uma ex- moradora, da “Velha Igaratá”, falecida há pouco tempo a Nina, mãe do Gerson, mais conhecido pelo apelido de “Boi”, que participou dessa procissão se viva estivesse, poderia confirmar que, morrendo de medo teve que se esconder debaixo de uma mesa na casa de um conhecido!
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